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Publicado em 20 Jan, 2025
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos (TEDH) emitiu uma decisão histórica contra a Grécia, considerando o país culpado de violar sistematicamente os direitos dos requerentes de asilo por meio de devoluções ilegais. A decisão, proferida a 7 de janeiro de 2025, destaca um padrão preocupante de abuso contra indivíduos vulneráveis que procuram refúgio na Europa.
O julgamento do TEDH focou na prática da Grécia de expulsar forçosamente os requerentes de asilo sem o devido processo legal. O tribunal concluiu que estas devoluções violaram várias obrigações legais internacionais, incluindo a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. Estas expulsões, muitas vezes realizadas no mar, colocaram vidas em risco e negaram aos indivíduos o direito de pedir asilo, conforme garantido pela legislação europeia e internacional.
Organizações de direitos humanos têm denunciado há muito essas práticas, acusando as autoridades gregas de agirem fora dos limites da legalidade. A decisão do TEDH confirma estas alegações, descrevendo as devoluções sistemáticas como parte de uma falha mais ampla em respeitar os direitos humanos fundamentais.
A decisão provocou uma condenação generalizada das políticas da Grécia. Grupos de defesa e especialistas jurídicos exigiram reformas imediatas, enfatizando a necessidade de estabelecer vias seguras e legais para os requerentes de asilo. “Este é um alerta para a Europa,” afirmou um representante da Amnistia Internacional. “Precisamos de solidariedade e respeito pelos direitos humanos, não de muros e arame farpado.”
O governo grego, no entanto, negou qualquer ilegalidade, insistindo que as suas políticas estão em conformidade com os regulamentos da União Europeia destinados à proteção das fronteiras. Apesar desta defesa, as conclusões do TEDH podem levar a um aumento da fiscalização das práticas migratórias da Grécia e a pressões para uma revisão do seu sistema de asilo.
Esta decisão não é a primeira vez que o tratamento dos migrantes pela Grécia é alvo de críticas. No mesmo dia, um caso separado envolvendo violência contra migrantes chegou à sua conclusão. Um tribunal grego condenou 21 indivíduos pelas suas ações em um ataque violento a trabalhadores migrantes em 2018 na Península do Peloponeso. As vítimas, principalmente trabalhadores agrícolas, foram brutalmente agredidas depois de exigirem salários não pagos. A decisão do tribunal, que sentenciou os agressores a longas penas de prisão, sublinha os desafios persistentes enfrentados pelos migrantes na Grécia.
A decisão do TEDH contra a Grécia tem implicações mais amplas para as políticas migratórias da União Europeia. À medida que os países enfrentam o aumento do número de requerentes de asilo, o julgamento serve como um lembrete claro da necessidade de equilibrar a segurança das fronteiras com as obrigações em matéria de direitos humanos.
Especialistas jurídicos alertam que a decisão pode abrir caminho para novos desafios legais contra Estados-membros da UE acusados de práticas semelhantes. “Isto não diz respeito apenas à Grécia,” observou um analista jurídico europeu. “Trata-se do compromisso de toda a UE em respeitar o Estado de direito e proteger as populações vulneráveis.”
Após estes desenvolvimentos, os apelos por reformas tornaram-se mais fortes. Organizações humanitárias estão a instar a Grécia e a União Europeia a implementarem medidas que garantam um tratamento justo para todos os requerentes de asilo. As propostas incluem aumento de financiamento para os sistemas de asilo, maior supervisão das operações fronteiriças e maior transparência nas políticas migratórias.
À medida que a Europa enfrenta uma pressão crescente para resolver a sua crise migratória, a decisão do TEDH serve tanto como uma condenação dos erros do passado quanto como um apelo à ação para uma abordagem mais humana e legal do asilo.
Fontes: